CONSTIPAÇÃO INTESTINAL EM IDOSOS
Resumo
INTRODUÇÃO: A prevalência de constipação intestinal (CI) em idosos é relevante (em torno de 20%), sendo definida como: alterações fisiológicas na motricidade intestinal, na alimentação e na digestão química dos elementos decorrentes do envelhecimento, sendo essa condição mais acentuada em mulheres com menor escolaridade. Somam-se aos fatores fisiológicos os hábitos, que neste grupo geralmente apresentam sedentarismo, baixa ingesta hídrica e de fibras. As principais queixas são fezes endurecidas, esforço para evacuar e esvaziamento intestinal incompletos. METODOLOGIA: O presente estudo é do tipo observacional analítico do tipo transversal com pesquisa de campo e organização de um plano de cuidado para assistência dos idosos residentes do Lar de idosos no interior de Minas Gerais, com problemas gastrointestinais. Foram aplicados o Mini NutritionalAssessmen tMNA®, Escala de Depressão Geriátrica para rastrear possíveis distúrbios gastrointestinais, objetivando investigar a associação entre constipação intestinal, hábitos alimentares e atividade física. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Além de alterações fisiológicas comum aos idosos, observou se alta prevalência de constipação intestinal, sendo relatada por aproximadamente metade dos idosos frequência evacuatória menor que três vezes por semana. 67% afirmaram ingerir menos que quatro copos de líquidos por dia. 100% dos idosos não ingeria a quantidade ideal de fibras (25 gramas por dia). 30% dessa população apresentava escala maior que 5 de depressão geriátrica. Além disso, foi possível observar que não havia prática de atividade física regular e havia uso regular de algumas medicações como opioides, por alguns idosos com queixas intestinais, sendo que ambos esses fatores são desencadeantes e agravantes da constipação intestinal. O diagnóstico é clínico, sendo que o critério de Roma IV e o uso da escala de Bristol são métodos eficientes para caracterizar os hábitos intestinais e facilitar o diagnóstico. Exames devem ser solicitados principalmente em casos clinicamente suspeitos e não como investigações de rotina. Uma investigação complementar pode ser realizada 12 semanas após o tratamento clínico, em casos persistentes ou após falta de sucesso com medidas alimentares e funcionais. Exames laboratoriais incluem um hemograma completo, exame sorológico para a doença de Chagas (para pacientes em áreas endêmicas), testes de cálcio sérico, T4 livre, TSH, função renal, níveis de glicemia em jejum e níveis de potássio e magnésio. Devem ser avaliadas a necessidade, de acordo com a individualidade de cada paciente, de exames como: manometria anorretal; videodefecografia, defecografia por ressonância magnética ou ecodefecografia; tempo por transito colônico; teste de expulsão com balão; eletromiografia do esfíncter anal; teste da respiração do hidrogênio. O tratamento empírico da constipação compreende em um aumento no conteúdo de fibra alimentar para aproximadamente 25 a 30 g por dia e maior hidratação (2 a 2,5 L por dia), sendo um método barato e eficaz para aumentar a frequência de evacuação e reduzir o uso de laxantes. Quando o estilo de vida e as medidas alimentares mencionados falham, o segundo passo no tratamento da constipação intestinal envolve o uso de laxantes osmóticos, como polietilenoglicol (PEG) (1A) e lactulose (1C) e laxantes associados à formação de matéria fecal ( psyllium, methylcellulose e polycarbophil) (1C). Laxantes estimulantes (senna, espinheiro cascara, bisacodil, picossulfato de sódio e derivados de antraquinona) podem ser utilizados nos casos em que fibras e laxantes osmóticos não foram bem-sucedidos (1B). CONCLUSÃO: Portanto, medidas cujo objetivo é a promoção da saúde, melhoria do bem estar e a qualidade de vida dessa população são necessárias. E para isso, é essencial novas avaliações médicas para determinar sobre a necessidade de fibras e laxantes, além de orientações nutricionais, hídricas e de atividade física de acordo com a individualidade e a demanda de cada um.
Referências
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