ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DA DENGUE EM SUAS PRINCIPAIS VARIÁVEIS, NO ESTADO DA BAHIA, NO PERÍODO DE 2013 A 2017

Autores

  • Shesllen Mikaelly Cruz Corrêa
  • Emanuelle Almeida Silva Viana
  • Valéria Gomes Marques
  • Pedro Fonseca Vasconcelos

Resumo

Introdução: A Dengue é uma patologia transmitida pelo mosquito do gênero Aedes que possui como agente etiológico um vírus do gênero Flavivirus. Essa doença assola a humanidade, desde meados do século XX e possui quatro sorotipos: DEN-1, DEN-2, DEN-3, DEN-4. O principal vetor é o mosquito da espécie Aedes aegypti, que é antropofílico e urbano, além de transmitir o vírus pela picada1. O quadro clínico se define por início repentino e variado com formas inaparantes até mais graves como a febre hemorrágica da dengue e choque. Ela se tornou a arbovirose de maior frequência, além de possuir uma morbidade significativa, visto que ocorre uma intensa mialgia e prostração com consequente perda de produtividade, por dias, ademais o índice de mortalidade, pode ser elevado dependendo da forma da doença, da precocidade e quanto à eficácia da terapêutica adotada2,4. A Dengue apresenta um padrão sazonal, no Brasil, sendo mais frequente nos meses mais quentes e úmidos, característica de países tropicais1,3. O presente estudo tem como objetivo traçar o perfil epidemiológico da Dengue no Estado da Bahia. Metodologia: Foi realizado um estudo ecológico, de série temporal, retrospectivo de caráter descritivo com abordagem quantitativa, em que foram usadas as técnicas de coleta de dados secundários, por meio eletrônico, com auxílio do DATASUS. A série temporal compreendeu o período entre janeiro de 2013 e dezembro 2017, sendo a última atualização desse período em 04/02/2019. As variáveis utilizadas foram: ano de notificação, meses de notificação, zonas de residência, faixa etária, sexo, critério de confirmação, evolução da doença, sorotipo e se ocorreu hospitalização. Todos os dados foram analisado segundo o total de casos no período delimitado acima. Resultados e discursão: Segundo o ano de notificação, o período analisado de 2013 a 2017 contou com um total de 146.997 casos prováveis de dengue no Estado da Bahia, sendo o ano de 2016 com o maior valor, 67.793 casos. Em relação aos meses de notificação de janeiro a dezembro, o mês de março apresentou o maior valor com 33.343 casos e o mês com menor número foi outubro com 3.357 casos. Esse índice aumentado no mês de março, corresponde ao período das chuvas no Nordeste, possibilitando assim o acumulo de água em reservatórios, proporcionando um ambiente propicio para reprodução do mosquito Aedes aegypti. Em relação as zonas de residência, os casos são muito mais comuns na zona urbana com 115.693 casos, em comparação aos números da zona rural (18.765) e periurbana (466), isso decorre, principalmente, devido ao acumulo de entulhos que são reservatórios para o mosquito e a maior concentração populacional se encontra nas zonas urbanas. Segundo casos prováveis por faixa etária, é mais comum entre 20-39 anos com um total de 55.738. Sobre o sexo é mais comum no feminino do que o masculino, sendo que o feminino apresenta um valor total de 85.103 casos. Segundo o critério de confirmação tem se laboratorial e clinico epidemiológico, sendo o último com o maior número apresentado 52.016. Em relação a evolução da doença, 82.577 ignorado/branco, 64.359 evoluíram para cura, 38 para óbito pelo agravo notificado, 16 óbitos por outra causa e 7 óbitos em investigação. Sobre os sorotipos da dengue, DEN 1, DEN 2, DEN 3 e DEN 4, o maior número se expressou no sorotipo 4 com 301 casos. Em relação a hospitalização, 96.148 ignorado ou nulo, 2.611 necessitou de hospitalização e 48.238 no foram hospitalizados5,6. Conclusão: Observa-se, de acordo com os resultados, que a dengue continua sendo uma arbovirose frequente na Bahia, apesar dos esforços para a sua erradicação. A presente pesquisa afirma o perfil epidemiológico quanto ao caráter sazonal e urbano dessa patologia, como fica demonstrado pela prevalência em março, na época da chuva, e, na predominância dos casos na zona urbana, além de trazer novos dados como o maior acometimento ser ao gênero feminino, assim, fica corroborado a necessidade de fomentar o discurso científico, político e na Saúde Pública acerca desse tema para que novas propostas possam surgir no intuito de erradicar ou amenizar os danos causados por essa doença1,5,6.

Referências

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Publicado

2021-03-09

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Artigos