ANÁLISE DO PERFIL DA MORTALIDADE EM IDOSOS DE MINAS GERAIS NO PERÍODO 2009-2018
Resumo
Introdução: A mortalidade pode contribuir como um importante sinalizador sobre a qualidade da atenção à saúde da pessoa idosa no território, levando em conta todas suas particularidades (MIRANDA; MENDES, 2016), além da transição demográfica e epidemiológica observada e projetada para o país ( DUARTE; BARRETO, 2012). O Estado de Minas Gerais é um dos mais populosos e o que possui a maior quantidade de municípios, bem como apresenta grande diversidade socioeconômica nas diferentes regiões (SCAVAZZA, 2003). Visto isso, conhecer quais as causas e perfil dos óbitos entre os idosos é de extrema relevância para a adoção de medidas específicas baseadas em evidências através de dados que gerem a informação, conhecimento e intervenção pertinente. Objetivo: Analisar os indicadores de mortalidade na população idosa residente no estado de Minas Gerais, Brasil, no período de 2009 a 2018. Método: Trata- se de um estudo ecológico, com dados da mortalidade em pessoas com 60 anos ou mais de idade no estado de Minas Gerais (2º estado mais populoso). A população do estado no ano 2010 era de 19.597.330 habitantes, sendo 2.310.565 maiores de 60 anos. Os dados foram coletados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) em julho de 2020 através do Portal da Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (http://tabnet.saude.mg.gov.br/deftohtm.exe?def/obitos/geralr.def). Os óbitos foram agrupados de acordo com os capítulos da Classificação Internacional de Doenças (CID) vigente (10ª revisão). Os dados sobre as estimativas populacionais foram coletados do site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2020). Foram realizadas as frequências absolutas e relativas, bem como calculada a taxa bruta de mortalidade por cem mil habitantes (razão entre o número de óbitos de pessoas com 60 anos ou mais e a população residente no estado em cada ano) e as taxas específicas por faixa etária e sexo. Além disso, foi calculada a mortalidade proporcional por capítulo da CID. Os dados utilizados são de domínio público de acesso irrestrito, com dispensa de aprovação por parte de Comitê de Ética em Pesquisa. Resultados: De 2009 a 2018 ocorreram 842.959 óbitos na população acima de 60 anos de idade em Minas Gerais. O sexo masculino apresentou discreta maioria, com 50,7% dos casos registrados. A faixa etária com a maior proporção de óbitos foi a de 80 anos ou mais (43,8%). A maioria dos falecimentos foi entre idosos da raça/cor branca, casados, com baixa escolaridade (1 a 3 anos) e que ocorreram em hospital. Em relação às causas dos óbitos (capítulos da CID), as doenças do aparelho circulatório foram as mais frequentes em todo o período analisado (31,8%). A segunda causa principal dos óbitos foram as neoplasias (tumores). A taxa de mortalidade geral apresentou crescimento ao longo dos anos no período estudado, à exceção de 2018 (que ainda pode ter dados não disponibilizados), tanto para todos os idosos como para os grupos específicos de faixas etárias e sexo. Segundo a faixa etária, a taxa foi maior entre os idosos com 80 anos ou mais. Já em relação ao sexo a taxa foi maior no grupo masculino. Houve uma variação proporcional de aproximadamente 27,5% na mortalidade geral. Conclusão: Os dados mostraram que houve aumento das taxas de mortalidade entre idosos, ensejando melhorias nas condições de vida e saúde dessa população. Estudos que abordem estimativas de riscos devem ser realizados para aprimorar o conhecimento e a tomada de decisões. É necessário que sejam evidenciadas cada vez mais políticas públicas em toda a abrangência do estado, com olhar especial para a população acima de 80 anos, além da contínua promoção e prevenção à saúde relacionada às doenças crônicas não transmissíveis e demais condições que afetam essa população. Outro ponto importante é a qualificação dos serviços de atenção à saúde em todos os níveis de complexidade, visando sempre a integralidade, sendo a avaliação multidimensional do idoso uma estratégia potencialmente eficaz para identificar riscos e reduzir vulnerabilidades.
Referências
DUARTE, Elisabeth Carmen; BARRETO, Sandhi Maria. Transição demográfica e epidemiológica: a Epidemiologia e Serviços de Saúde revisita e atualiza o tema. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 21, n. 4, p. 529-532, 2012. Disponível em: < http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?pid=S1679- 49742012000400001&script=sci_arttext&tlng=es >. Acesso em 10 jan. 2020.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Sinopse do Censo Demográfico 2010.
Disponível em: < https://censo2010.ibge.gov.br/sinopse/index.php?uf=31&dados=8 >. Acesso em 19 jan. 2020.
MIRANDA, Gabriella Morais Duarte; MENDES, Antonio da Cruz Gouveia; SILVA, Ana Lucia Andrade da. Population aging in Brazil: current and future social challenges and consequences. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, v. 19, n. 3, p. 507-519, 2016. Disponível em: < https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1809-98232016000300507&script=sci_arttext >. Acesso em 10 jan. 2020.
SCAVAZZA, Juliana Franca . Diferenças socioeconômicas das regiões de Minas Gerais. Belo Horizonte: Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais, 2003. Disponível em:
>. Acesso em 19 jan. 2020.