A INFLUÊNCIA DA DANÇA NA CAPACIDADE COGNITIVA DO IDOSO: UMA REVISÃO DE LITERATURA

Autores

  • Gabriela Rezende do Amaral
  • Lara Medeiros Amaral

Resumo

INTRODUÇÃO: A dança é uma das atividades mais procuradas e aceitas pela população idosa. Por meio desta prática, observa-se otimização em aspectos psicossociais e funcionais, permeando entre cognição, coordenação, memória, mobilidade, marcha, equilíbrio, resistência, estabilidade postural e redução da fragilidade. Há influência positiva da dança em critérios emocionais, uma vez que desperta sensações prazerosas, gerando impacto em funções cognitivas como fortalecimento da memória e ampliação de raciocínio, além de aprimorar processo de autoestima e interação social. Sendo assim, apresenta-se como atividade que potencializa o envelhecimento ativo, contribuindo para a autonomia e, consequentemente, inclusão do idoso nas práticas comunitárias. METODOLOGIA: Foi realizada uma pesquisa bibliográfica utilizando as bases de dados LILACS e CAPES para identificar artigos relevantes, publicados entre 2009 e 2019, que avaliassem a associação da dança com o envelhecimento. Foram utilizadas as seguintes palavras- chave: “dança”, “idosos” e “envelhecimento”. Excluiu-se trabalhos que não abordaram o tema de forma clara. RESULTADOS E DISCUSSÃO: As alterações cognitivas inerentes ao processo de envelhecimento possuem, como fator de declínio, o sedentarismo, que se constitui como importante coeficiente no risco de mortalidade e morbidade em idosos. O lazer, o exercício, as atividades mentais e relações sociais, quando somados, realizam a manutenção das funções cognitivas na velhice. A dança institui-se como terapia, uma vez constituída por atividade física, sensitiva e recreativa. Epidemiologicamente, analisa-se que a maioria dos idosos ativos que praticam a dança são do sexo feminino, solteiros e com menor nível de escolaridade. Evidencia-se que, nos grupos praticantes, há maior índice de auto-percepção positiva da saúde, incluindo aspectos de independência e autonomia. As atividades de lazer, especialmente a dança, são relacionadas à introdução e melhoria da socialização entre idosos, ampliando contato afetivo entre indivíduos da mesma faixa etária, reduzindo, consequentemente, ansiedade e depressão, comorbidades comuns na velhice. Por impactar em aspectos funcionais, a dança atua na disposição e vitalidade desta população, ampliando autonomia e autossuficiência. No que tange à atividade cognitiva, ressalta-se que a prática da dança amplia a velocidade de processamento de ideias e atua em melhorias na memória, linguagem, sono e domínio visuoespacial, enquadrando-se como fator de proteção para demência e declínio mental. Observa-se que, por meio da dança, há intensa conexão entre sistemas cognitivos, sociais e funcionais, visto que perpassa por aspectos de mobilização corporal, adequação de ritmo e postura, ambos ativados por sistema sensorial auditivo, além de incentivar a memória afetiva associada a músicas de determinada fase da vida dos idosos. CONCLUSÃO: Atualmente o processo de envelhecimento ocorre de maneira acelerada. Em 2025, o Brasil ocupará a sexta colocação mundial dos países em relação à longevidade da população. Há a necessidade, portanto, de inserir os idosos nos meios sociais, oferecendo-lhes bem-estar e autonomia funcional e cognitiva. A dança é um método assistencial rápido, fácil, eficaz e de baixo custo, capaz de ser aplicado em redes de saúde públicas e privadas. Observa-se maiores níveis de qualidade de vida e saúde em idosos praticantes de dança, fazendo com que esta seja caracterizada como fator de proteção para comorbidades físicas e cognitivas. Sendo assim, evidencia-se a necessidade da atuação de programas de promoção à saúde na construção de estratégias que estimulem o engajamento de idosos para a prática de dança e assegurem a facilidade de acesso ao sistema instituído.

 

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Publicado

2021-03-08

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Artigos