A EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA IDOSOS EM SALAS DE ESPERA NO CONTEXTO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Resumo
INTRODUÇÃO: O número de idosos no Brasil representa em média 13% da população total, números que, segundo o Índice Brasileiro de Geografia e Estatística tendem a dobrar nas próximas décadas, levando o país a um estado de transição demográfica[1]. Nesse contexto, deve ser levado em conta o lugar de destaque das doenças crônicas não transmissíveis, que têm sua incidência aumentada com a idade, portanto, a prevenção e promoção da saúde na terceira idade é aliada importante ao envelhecimento saudável. Para isso, a Educação em Saúde pode atuar de maneira positiva, visto que essa prática visa a promoção, a proteção e a recuperação da saúde a partir do diálogo e produção de conhecimento da população[2], logo, a criação de espaços nos quais a educação em saúde possa ser desenvolvida é essencial, sendo esta, uma das finalidades das salas de espera na Atenção Primária a Saúde. [3] Nesse contexto, o relato a seguir visa demonstrar a relevância da introdução de acadêmicos de medicina no ambiente da Atenção Primária à Saúde, com a abordagem de temas relacionados à saúde do idoso na sala de espera de uma Unidade Básica de Saúde, na Zona da Mata Mineira. Assim, essa Integração Ensino-serviço-comunidade, baseada na inserção de estudantes de medicina no contexto da Atenção Primária [ 4 ] pode ser considerada uma ferramenta importante no envelhecimento ativo da população atendida. OBJETIVO: Relatar uma ação educativa sobre a promoção em saúde com idosos nas salas de espera de uma Unidade Básica de Saúde na Zona da Mata Mineira. METODOLOGIA: Trata-se de um relato de experiência vivenciado no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS) por acadêmicos do segundo período de medicina, numa Unidade Básica de Saúde de Minas Gerais. Tais ações ocorreram por meio da realização de salas de espera temáticas, voltadas à idosos, com assuntos relacionados ao envelhecimento. Foram realizados entre o mês de agosto e dezembro de 2019, na parte da manhã, encontros quinzenais que abordaram temas relacionados à saúde do idoso. O grupo, composto por 6 estudantes de medicina, foi subdividido em dois grupos de 3 para a realização das salas de espera, sendo que, cada mês, a mesma temática foi apresentada pelos dois grupos, visando atingir um público maior de idosos. Cada sala de espera continha, em média, 15 a 20 idosos, durando cerca de 30 minutos, nesse tempo, os alunos faziam um breve resumo sobre o tema apresentado, esclarecendo dúvidas e distribuindo folhetos explicativos e didáticos. Os temas abordados foram: diabetes- fatores de risco e prevenção; hipertensão- fatores de risco e prevenção; prevenção do câncer de mama na terceira idade (outubro rosa), prevenção do câncer de próstata na terceira idade (novembro azul) e fatores de risco e prevenção de quedas em domicílio. Ambos de extrema relevância no contexto do envelhecimento, visto que são doenças que, comumente, aumentam a incidência com a idade, como a diabetes (tipo 2) e a hipertensão, outras, como o câncer de mama e de próstata, são cada vez mais negligenciadas na terceira idade. Já a queda em domicílio é uma das principais causas de morbidade na população idosa, visto que o idoso passa a maior parte do tempo na população idosa e, este ambiente, que deveria oferecer segurança muitas vezes pode oferecer dificuldades no deslocamento e riscos de acidentes domésticos. [5] RESULTADOS E DISCUSSÃO: Esta ação utilizou como referência os princípios da Educação Popular em Saúde e seu horizonte é ampliar o conhecimento em saúde e o bem estar da população idosa. As salas de espera realizadas com os idosos possibilitaram a interação com essa faixa etária na região citada, possibilitando a troca de conhecimento e o esclarecimento de dúvidas, finalidades da Educação em saúde. Ao fim das salas de espera os alunos refletiram sobre a necessidade de uma atuação multiprofissional mais eficaz na Atenção Primária, que visem a prevenção e promoção da saúde da população idosa de maneira mais efetiva, num atendimento mais humanizado e amplo, envolvendo profissionais de diversas áreas de conhecimento, visto que houveram muitas dúvidas da população em questão, fato que evidencia a carência de conhecimento. Por fim, os acadêmicos notaram participação satisfatória dos idosos durante as salas de espera e a importância da extensão das atividades acadêmicas no contexto do Sistema Único de Saúde, logo no início da graduação, visto que tais atividades estimulam a empatia, a humanização e a sociabilidade do acadêmico. CONCLUSÃO: O relato de experiência em questão evidenciou a relevância da participação de acadêmicos no ambiente da Atenção Primária, destacando a importância da Interação Ensino-Serviço-Comunidade, com a contribuição dos alunos no ambiente da unidade básica de saúde, que, no caso, foi notório pela oferta de educação em saúde à população idosa. Sendo assim, visto que o Brasil caminha para um aumento progressivo da longevidade, medidas que auxiliem na prevenção e promoção da saúde da terceira idade devem ser cada vez mais efetivadas, sendo a educação em saúde uma importante aliada desse processo.
Referências
IBGE, Instituto Brasileiro Geográfica Estatística. Longevidade: viver bem e cada vez melhor. In: Camille Perissé; Mônica Marli. Caminhos para uma melhor idade. Retratos a revista do IBGE, nº16, Fev. 2019.
FALKENBERG, Mirian Benites et al . Educação em saúde e educação na saúde: conceitos e implicações para a saúde coletiva. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro , v. 19, n. 3, p. 847-852, Mar. 2014 Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 81232014000300847&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 21 Julho 2020.
Pinto, L. et al. Sala de espera: espaço para educação em saúde. REFACS, Uberaba, MG, v. 6, n.3, p. 500-507, 2018. Disponível em:
<http://seer.uftm.edu.br/revistaeletronica/index.php/refacs/article/view/2917 >. Acesso em: 21 julho 2020.
BRANDAO, Edermeson Roque Malheiro; ROCHA, Saulo Vasconcelos; SILVA, Sylvia Sardinha da. Práticas de integração ensino-serviço-comunidade: Reorientando a formação médica. Revista Brasileira de educação médica. Rio de Janeiro, v. 37, n. 4, p. 573-577, Dez. 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?
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Miranda DP, Santos TD, Santo FHE, Chibante CLP, Barreto EA. Quedas em idosos em ambiente domiciliar: uma revisão integrativa. Revista Enfermagem Atual. 2017, edição especial. 120-129. Disponível em: <http://revistaenfermagematual.com.br/revistas/revista_especial_17.pdf > Acesso em: 21 julho 2020.