INTERAÇÃO ENSINO-SERVIÇO-COMUNIDADE NA PROMOÇÃO DO ENVELHECIMENTO ATIVO

Autores

  • Gustavo Cosendey Portes
  • Lara Lopardi de Souza Leite

Resumo

INTRODUÇÃO: Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o número de indivíduos no Brasil que possuem 60 anos ou mais ultrapassa 28 milhões de pessoas. Outrossim, projeta-se que em 2043 um quarto da população brasileira será composta por idosos [1]. Nesse sentido, é preciso a promoção do envelhecimento ativo, pois, garante o equilíbrio biopsicossocial à medida que os indivíduos ficam mais velhos [2]. Por isso, esse processo de envelhecimento compõe uma das principais diretrizes da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, normatizada pela Portaria GM/MS nº 2.528, de 19 de outubro de 2006 [3]. Por meio da Integração Ensino-Serviço- Comunidade, que permite a associação dos acadêmicos de medicina com os serviços do Sistema Único de Saúde e sua atuação na comunidade, torna-se possível promover ações de cuidado que asseguram a vivência do envelhecimento ativo [4]. Por intermédio desse trabalho, busca-se relatar o projeto de “Adoção familiar” realizado mediante a metodologia Integração Ensino-Serviço- Comunidade no curso de medicina de uma instituição privada, e seu favorecer para um envelhecimento mais saudável, garantindo o cuidado integral, humanizado e longitudinal. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo descritivo do  tipo  relato  de  experiência  do  projeto  “Adoção familiar” realizado por acadêmicos do segundo período do curso de medicina em conjunto com profissionais de uma Unidade Básica de Saúde pertencente a região da Zona da Mata Mineira.    A realização do projeto aconteceu por etapas, ocorrendo as ações quinzenalmente no turno da manhã, durante os meses de agosto a dezembro de 2019. Inicialmente, alunos em união com Agentes Comunitários de Saúde realizaram visitas domiciliares onde apresentaram o projeto e realizaram o convite para as famílias de idosos, que aceitando participar da iniciativa, passou a ser assistida. A próxima etapa compreendeu as demais visitas, onde formavam duplas  para  a  realização dessas ações e cada acadêmico buscou primeiramente compreender a dinâmica dos  idosos assistidos com os determinantes de saúde - determinantes  sociais,  econômicos  e ambientais. Dessa forma, após assimilar a realidade da situação de saúde da família,  cada  estudante com auxílio dos profissionais da unidade promoveu ações de  educação em  saúde  que  são capazes de propiciar o bem-estar físico, mental e social dos anciões. Foram realizadas rodas     de conversa com os familiares durante as visitas domiciliares abordando assuntos de saúde  conforme a necessidade da família, buscando potencializar os fatores benéficos à saúde  e  inviabilizar ao máximo fatores promotores de doenças. Dessa maneira, recorreram a cartilhas do Ministério da Saúde sobre as temáticas necessárias, com enfoque em orientações preventivas e medidas capazes de melhorarem a qualidade de vida dos idosos. Além disso, cada aluno buscou promover maior interação entre o Sistema único de Saúde e a família, estimulando os idosos a participarem ativamente dos grupos de educação em saúde da unidade básica, como nos grupos     de atividade física, e também promoveram uma aproximação entre os profissionais de saúde da unidade, médicos, psicólogos, educadores físicos e outros, facilitando o cuidado longitudinal. Encerando as etapas, na última visita, cada acadêmico com sua respectiva família averiguou os resultados das intervenções realizadas, também orientou cada um dos  idosos  sobre  como  continuar a vivência desse processo de envelhecimento ativo que é tão importante, mesmo sem a presença do acadêmico, mas contando com a Unidade Básica de Saúde e com  todos  os  profissionais que nela atuam. RESULTADOS E DISCUSSÃO: O projeto por meio da Integração Ensino-Serviço-Comunidade foi capaz de proporcionar o processo de envelhecimento ativo com a realização de diversas atividades que envolveram tanto os acadêmicos, profissionais da Unidade Básica de Saúde e a comunidade, sendo a última representada por cada família de idosos. Durante  as visitas, ficou claro como é importante ações de educação em saúde que contribuam para a compreensão do que é envelhecer ativamente e como vivenciar esse processo, que é favorável    para saúde como um todo. Os idosos seguiram as orientações dos acadêmicos e profissionais de saúde alcançando um bem-estar, pois, adquiriram maior capacidade funcional e autonomia mesmo apresentando idade avançada. Ademais, ficou claro que as ações de prevenção surtem efeitos salutares, uma vez que diminuíram o número de acidentes domiciliares como  o  de  quedas,  também observou a necessidade de mais atuações de cunho preventivo e específicos para os  anciões, já que no início muitos não possuíam as informações de saúde que são pertinentes para  esse grupo social. Outro resultado interessante foi perceber a satisfação dos idosos ao receber os acadêmicos e profissionais, sempre bem atenciosos as informações transmitidas e  também  buscando executá-las, resultado da promoção do cuidado humanizado que facilita o processo de saúde. Outrossim, ocorreu uma grande troca de saberes e valores a partir da utilização da metodologia de Integração Ensino-Serviço-Comunidade, sendo um fator positivo para todas  as partes participantes do projeto. Graças ao convívio que a metodologia empregada proporciona, a execução de ações de cuidado que favorecem o envelhecimento ativo, preconizadas pela Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, são realizadas com maior facilidade e eficácia. Além disso, permitiu aos acadêmicos uma gama de novos conhecimentos e aprimoramento dos saberes já adquiridos, além de aplicá-los por meio da execução das atividades, sendo importante para o desenvolvimento de habilidades e capacidades inerentes a todos os profissionais do âmbito da saúde. CONCLUSÃO: As experiências aqui relatadas e descritas evidenciaram que por meio da metodologia Integração Ensino-Serviço-Comunidade é possível a promoção do envelhecimento ativo, que é muito importante para o bem-estar dos indivíduos que possuem idade avançada. Ademais, conclui-se que é preciso mais ações que proporcionem um envelhecimento saudável, e que informações básicas em saúde e execução de medidas de cuidado preventivo são necessárias para esse grupo social. Por fim, ficou claro que a união entre acadêmicos, profissionais e comunidade, os idosos, permite ações de cuidados integrais, humanizados e longitudinais, propiciando harmonia biopsicossocial e uma melhor qualidade de vida para os idosos.

Referências

IBGE, Instituto Brasileiro Geográfica Estatística. Longevidade: viver bem e cada vez melhor. In: Camille Perissé; Mônica Marli. Caminhos para uma melhor idade. Retratos a revista do IBGE, nº16, Fev. 2019.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS). Envelhecimento ativo: uma política de saúde.

Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde. 2005

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.528, de 19 de outubro de 2006: Aprova a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. Diário Oficial da União, 2006.

CAVALCANTE, T. M. et al., Uma experiência de integração ensino, serviço e comunidade de alunos do curso de graduação em medicina na atenção básica no município de Maceió. Revista Ciência Plural, v. 3, n. 3, p. 69-80, 22 abr. 2018.

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Publicado

2020-11-17

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Artigos